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Teorias

A Maria Papoila é a típica portuguesa, que tal como todos os bons portugueses tem sempre uma teoria acerca de tudo e de todos e não vê mal algum em impingir as suas opiniões aos mais desprevenidos...

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Burguês

Sempre que falamos do nosso povo dizemos “os portugueses”, como se falássemos de alguém que pouco conhecemos, mas que na maioria das vezes reprovamos.
Quem são os portugueses?
Já sabemos que os portugueses foram grandes navegadores, grandes colonizadores e que Portugal foi um dia império aquém e além mar. Sabemos que os portugueses viveram sob uma longa ditadura e se libertaram dela numa revolta militar em que as armas não tinham balas, mas sim cravos vermelhos. Sabemos também que os portugueses souberam convencer a Europa de que estavam prontos para entrar na CEE, apesar de na verdade ainda precisarem de mais uns anos.
É claro que uma nação não se faz apenas de vitórias e coisas bonitas, mas também à custa de derrotas e de sofrimento.
Mas, quem são os portugueses de hoje e quem serão os portugueses num futuro próximo? Questão difícil, não é?
A maioria das pessoas responderá que neste momento os portugueses são um povo desanimado, e é a verdade. A verdade é que o desânimo tem de ter razões e que cada um dos portugueses terá as suas.
Eu não sei quem são os portugueses de hoje.
Já não somos o povo simplório, já quase não há famílias numerosas (porque agora não podemos mandar os putos para a lavoura aos 7 anos), quase todas as famílias têm carro, uma grande parte tem casa própria (ou melhor, do banco), muitos de nós têm computador e internet em casa, cartão de crédito, os miúdos na escola...
Muitos de nós são pessoas decentes que vivem em bairros sociais/degradados porque a vida não lhes sorriu, têm de esperar meses por uma consulta e não podem trazer os filhos na escola porque estão desempregados.
Muitos dos portugueses de hoje são filhos de pais que lutaram muito para conseguir dar-lhes tudo o que precisavam, pais que faziam muitas horas extra, que não tinham férias, nem carro e que nunca tiveram ténnis de marca, nem playstation , apenas um carro de madeira com rolamentos.
Os portugueses de hoje e do futuro próximo, não sabem como eram as coisas “no tempo da outra senhora” e na sua maioria pensam que podem dizer e fazer tudo, porque são livres, mas não sabem que a liberdade de cada um está dependente da liberdade do vizinho do lado. É por isso que os portugueses, hoje, se atropelam no trânsito, na vida profissional e até na vida pessoal. É por isso que se deixam ofuscar pela nova impressora, ou pelas calças novas de uma marca qualquer que mal têm dinheiro para pagar.
O povo português está no caminho errado (digo eu) de cada vez que pensa ser fácil a vida. O povo português já não é lutador, é vaidoso e já não é trabalhador, é preguiçoso.
Portugal está a aburguesar-se e não dá conta que ainda não atingiu um nível de vida que lhe permita ser burguês.
Vamos trabalhar as nossas ideias, os nossos objectivos e o nosso modo de encarar a vida? Não é um novo Presidente que vai salvar o nosso país, somos nós.
Ser burguês é aborrecido. E engorda...

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Talentos



Pergunto-me que percentagem de pessoas fará aquilo que realmente gosta.
Julgo que qualquer um só será verdadeiramente bem sucedido se fizer aquilo que gosta.
Penso, por exemplo, em casos famosos: será que Mourinho sempre quis ser treinador de futebol e por isso é que é tão bem sucedido? Ou será que ele queria mesmo era ser bombeiro? Paula Rego, queria ser pintora, ou em vez disso, sonhou ser médica?

Uma amiga disse-me que quer ganhar a vida a cozinhar e a cantar (tem uma licenciatura em Biologia). Eu (cá vai) sempre quis ser actriz (pois, licenciatura em Direito).
Tenho a sensação de que a maior parte de nós não faz aquilo que sonhou. Porquê?
Pela parte que me toca, admito uma certa covardia ( apesar de pouco materialista, a falta de segurança monetária assusta, não é?), mas será que não fazemos aquilo que sonhamos apenas por medo?
Já fiz teatro. Nunca tive medo do público, apesar de me sentir um pouco embaraçada no momento das palmas. Para mim, estar em cima do palco era experimentar um não-sei-quê, que não voltei a sentir. Gostava de “encarnar” outras pessoas e durante aquelas 2 horas esquecer quem sou e passar a ser aquela personagem. Tive sorte, porque pude provar um pouco daquilo que gostaria de ser “quando for grande”! Poderia eu ter sido uma boa actriz? Não quero dizer famosa, porque isso deve ser uma chatice, mas actriz de boa qualidade?
Na maioria das vezes queixamo-nos de falta de oportunidades, ou de azares na vida, mas até que ponto será isto verdade? Passamos a vida a ser medianos naquilo que fazemos, ou a ser bem sucedidos à custa de muito sacrifício.
Admiro as pessoas que se atiram de cabeça e lutam pelos seus sonhos. Há por aí alguma história engraçada de coragem, persistência e sucesso?

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Enquanto tudo derrete...

Esta semana a Papoila foi às compras à baixa do Porto.
Cheguei a casa destroçada!
Há muito que não ía para aquelas bandas ( comprar não é um passatempo que aprecie) e foi chocante ver que porta sim , porta não, os estabelecimentos estavam fechados. Até os famosos armazéns BOMBOM estão em liquidação total! Uma casa que empregava tanta gente e onde se encontrava de tudo, desde um chapéu a um tecido da melhor qualidade, vai fechar! E as outras casas que se mantêm abertas quase sem ninguém lá dentro, mesmo em tempo de saldos!
É isto que está a acontecer ao nosso país, à nossa pátria? Estamos em liquidação total e não somos capazes de nos revoltar e afirmar que o nosso país não está em saldo?
Não entendo nada de economia, mas tenho quase a certeza de que nenhum português entende! Como é que chegamos a este ponto?
O Portugal como o conhecemos está a fugir-nos por entre os dedos e não fazemos nada.
Mea culpa que só depois de ver a miséria que vai pelas ruas da baixa senti o meu alarme interior disparar. Nossa culpa, que ficamos no sofá a assistir às promessas vazias de candidatos que só querem tacho para si e para os seus. Nossa culpa, que só olhamos para o próprio umbigo enquanto tudo derrete à nossa volta!
Soluções, não as consigo imaginar, nem tenho a presunção de me aventurar a falar do que não sei, nem entendo.
Assim, uso as palavras de António Lobo Antunes: “Que Farei Quando Tudo Arde?”