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Teorias

A Maria Papoila é a típica portuguesa, que tal como todos os bons portugueses tem sempre uma teoria acerca de tudo e de todos e não vê mal algum em impingir as suas opiniões aos mais desprevenidos...

sábado, janeiro 12, 2008

Naïf

Já não é a primeira vez que me acontece. Não sei se também acontece às outras pessoas ou se vai continuar a acontecer ao longo da minha vida. Às vezes acontece sem eu dar por isso. Acontece mais frequentemente nas alturas em que pratico uma actividade qualquer que não me exija qualquer esforço mental, ou raciocínio. Desta vez estava a meter a roupa na máquina e o mesmo pensamento assaltou-me. Porque raio fui tão ingénua? Já não é a primeira vez que a questão me surge. De repente, lembro-me de uma situação qualquer do passado e fico danada comigo mesma. Fui mesmo ingénua, repito mentalmente para mim mesma. Ás vezes sorrio e penso na palavra naïf. Mas só consigo sorrir quando a ingenuidade não teve qualquer importância. Sorrio quando se trata de um caso de ingenuidade que não me prejudicou, ou quando o caso, apesar de ter uma certa gravidade, se deu há tempo suficiente para eu poder sorrir.
É que até nem costumo ser ingénua! Penso eu, quando me revejo no presente. Mas de cada vez que me lembro de coisas passadas, verifico com tristeza, que fui mais ingénua do que aquilo que penso ser. Haverá uma receita para deixarmos de ser ingénuos, ou isto é coisa que só vamos aprendendo ao longo da vida? Acredito que deve haver receita. Só pode! A minha mãe tem mais de 50 anos e continua ingénua. A minha tia tem 40 e é das pessoas mais ingénuas que conheço. Já para não falar da minha amiga que tem mais de 20 mas conserva a ingenuidade de uma menina de 15.
Ser ingénuo será uma coisa boa? Nutro carinho por pessoas ingénuas. Tenho um cantinho no meu coração, muito especial, guardado para as pessoas ingénuas, mas quando me toca a mim fico danada comigo própria. Não me posso permitir ser ingénua, sinto-me desprotegida e não gosto da sensação. Felizmente, na maior parte das vezes só me dou conta da minha ingenuidade algum tempo depois dos acontecimentos.
Tenho o hábito de proteger as pessoas ingénuas que me rodeiam. Dou-lhes conselhos, acarinho-as em doses superiores ao usual em mim. Mas o que eu queria mesmo, era nunca ser naïf.
Naïf, gosto desta palavra. Não gosto é dos momentos em que o passado me assalta para verificar e certificar a minha ingenuidade.
Resolução de ano novo: deixar de ser ingénua. Alguém tem a receita certa para que isto pare de me acontecer?