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Teorias

A Maria Papoila é a típica portuguesa, que tal como todos os bons portugueses tem sempre uma teoria acerca de tudo e de todos e não vê mal algum em impingir as suas opiniões aos mais desprevenidos...

sábado, fevereiro 03, 2007

A consciência

A Maria Papoila nasceu numa pequena cidade.
Tínhamos 16 anos quando a Bibi me confidenciou que desconfiava que estava grávida.
O namorado trabalhava nas obras fora da terra e ela não tinha ninguém que lhe comprasse um teste de gravidez. A terra era pequena e ela seria certamente reconhecida por qualquer farmacêutico. O problema é que eu também seria reconhecida e a minha mãe não ia gostar de saber que eu andava a comprar testes de gravidez aos 16 anos. O mesmo se passava se quiséssemos comprar contraceptivos.
Então, pedi ao meu melhor amigo que fosse à farmácia. O teste deu positivo e a Bibi ficou feliz. Admirei-lhe a coragem e o acto de amor. Casou 3 meses depois e teve uma filha linda. A Bibi era boa aluna, apesar das dificuldades com que os pais viviam e de ir a pé para a escola todos os dias. Apesar de não ter computador, nem um canto sossegado em casa para estudar. A Bibi tinha um grande futuro pela frente, queria ser advogada e estou certa de que o teria sido. E das boas. Agora é empregada de balcão. É feliz e já tem outra filha.
Mais ou menos na mesma altura, soubemos que outra colega da escola, com a mesma idade que nós, estava grávida. Essa colega era uma aluna média, tinha nascido numa família abastada e optou por ir abortar a Inglaterra. Quando se soube da sua opção, através de uma “amiga” que não sabia guardar segredos, a rapariga foi criticada. A notícia fez as más línguas rejubilar. A família da rapariga mudou-se para uma cidade próxima e maior. Ela foi para a faculdade. Tirou um curso superior, tem um bom emprego e é feliz.
Foram duas opções de vida completamente diferentes. Não tenho moralidade nem autoridade para criticar nenhuma das raparigas. As acções ficam com quem as pratica e cada um sabe o que é melhor para si.
Por isso é que a Papoila vai votar sim no referendo que se avizinha. Pela liberdade de optar.
Independentemente daquilo que a minha consciência possa ditar, eu não sou o “Grilo Falante” e não posso ser a consciência de ninguém.

4 Comments:

  • At 5/2/07 14:16, Anonymous Anónimo said…

    Já agora, como se chama essa "pequena cidade" ?

     
  • At 5/2/07 15:29, Anonymous Anónimo said…

    "Senhores juristas, quando se fala em SUPERIOR interesse, a palavra SUPERIOR, deve querer dizer alguma coisa, não?
    Quando estão em causa crianças, a justiça não pode ser cega..."
    VocÊ o disse...

     
  • At 5/2/07 16:46, Blogger Maria Papoila said…

    Caro Carneiro:

    Julgo que conhece muito bem a pequena cidade em questão, mas sempre lhe posso enviar um mapa para lá chegar!

    Caro anónimo:

    A minha mãezinha ensinou-me que não se fala com desconhecidos, por isso só lhe respondo quando tiver nome, mesmo que falso. Obrigada pela visita.

     
  • At 16/2/07 02:11, Anonymous Anónimo said…

    parabéns pela pela forma como abordas o tema... aliás... todos os temas que já li por aqui :)

     

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