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Teorias

A Maria Papoila é a típica portuguesa, que tal como todos os bons portugueses tem sempre uma teoria acerca de tudo e de todos e não vê mal algum em impingir as suas opiniões aos mais desprevenidos...

terça-feira, janeiro 23, 2007

Justiça

Tinha 16 anos e engravidou do namorado. Era excelente aluna e imaginou a vida a desmoronar-se. Por indicação de uma amiga, dirigiu-se a uma enfermeira-parteira para fazer um aborto. Uma vez em casa da enfermeira, descobre que afinal está grávida há mais tempo do que pensava. A enfermeira fala em perigo de vida e aconselha-a a ter a criança, porque já era tarde demais para interromper a gravidez. Desesperada, diz que não quer um filho, não agora!
É então que a enfermeira lhe fala de um casal, que apesar de já ter uma filha biológica com 18 anos, queria mais um bebé e nunca conseguiu tê-lo. É uma boa família, muito unida e com boas condições de vida.
Alguns meses depois, a criança nasce em casa da tal enfermeira que fazia abortos clandestinos.
A família que tanto ansiava mais um filho, vai imediatamente buscar o menino. A rapariga, cansada do esforço do parto, espreita por uma porta, sem ser vista, e acha que os pais que escolheu para o seu filho têm um ar simpático e afável. Os olhos deles brilham como se tivessem visto o menino Jesus em pessoa.
A enfermeira passa uma declaração em que afirma ter assistido ao parto em casa dos senhores fulano de tal e no local onde deve escrever o nome da mãe, inscreve o nome da mãe do coração.
O marido da senhora foi imediatamente à conservatória e registou o menino como seu.
Para todos os efeitos, aos olhos da lei, aquela criança é seu filho legítimo.
O menino cresceu e é já um homem, bem formado e muito amado.
A rapariga que o deu à luz, é hoje uma grande médica e salva vidas.
É esta a história em que duas realidades, muito discutidas na actualidade do nosso país, se tocam.
É esta história que demonstra que não se fazem abortos de ânimo leve, mas que também nos chama à atenção para as dificuldades que a justiça levanta à adopção.
Entre a penalização do aborto e as dificuldades da adopção, ficam milhares de crianças sem família e institucionalizadas. Ou pior ainda, ficam milhares de crianças sujeitas à miséria e aos maus-tratos de pais que as não desejaram.
Não defendo que a situação relatada se repita pelo país fora, mas não posso deixar me regozijar, porque este casal salvou uma criança de anos de institucionalização.
Assim, enquanto os nossos juízes não atenderem ao SUPERIOR interesse da criança, não podemos condenar actos deste género.
Senhores juristas, quando se fala em SUPERIOR interesse, a palavra SUPERIOR, deve querer dizer alguma coisa, não?
Quando estão em causa crianças, a justiça não pode ser cega...