hit counter

Teorias

A Maria Papoila é a típica portuguesa, que tal como todos os bons portugueses tem sempre uma teoria acerca de tudo e de todos e não vê mal algum em impingir as suas opiniões aos mais desprevenidos...

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Implicar

Tinha eu 2 anos, quando assassinaram (dizem) o Primeiro-Ministro do meu país.
Obviamente, não me lembro do episódio e muito menos do tal senhor, mas toda a vida ouvi falar dele. Parece que ia ser capaz de implantar grandes reformas e de levar a cabo grandes feitos, mas não pôde, porque morreu antes de ter tempo de cumprir as promessas feitas. Pelos relatos que fui ouvindo, aquele senhor era o único político sério e competente no meu país, porque desde a sua morte não apareceu mais nenhum que fosse capaz de fazer aquilo que o defunto tinha prometido. Houve outros que também acenaram com promessas de grandes feitos em tempo de eleições, mas uma vez eleitos e chegados ao fim dos mandatos, as promessas ficavam por cumprir.
Em diversas ocasiões quis saber como tinham as pessoas a certeza de que o Sr. Primeiro-Ministro falecido iria cumprir as promessas, mas nunca ninguém me respondeu concretamente. Ouço muito dizer que “com ele é que tínhamos sido um país bem governado”, mas a verdade é que como não conheci o senhor e como não participei na euforia da sua eleição, não creio que o político de que falo viesse a ser melhor do que aqueles que ficaram por cá mais uns anos.
Por outro lado, e analisando bem a minha opinião sobre o tal Primeiro-Ministro, talvez eu esteja a ser demasiado dura, talvez nutra uma implicanciazinha contra o falecido. Será porque me irrita ir a um velório e ouvir sempre falar bem do morto, mesmo que ele tenha sido um escroque? Na adolescência entretinha-me a detectar quem era de direita ou de esquerda conforme a opinião da pessoa sobre Sá Carneiro. Se era um santo, acendiam-se as luzes: direita de certeza. Se não tinha feito nada de extraordinário, porque não teve tempo, o interlocutor era de esquerda, mas não falava muito, não fosse o Diabo tecê-las e passar a suspeito.
Agora levanta-se outra vez a questão do atentado: assiste-se a novos debates sobre as mesmas questões na televisão, o advogado das vítimas vai levar o caso ao Tribunal Europeu, e por aí fora. Já estou farta de ouvir sempre os mesmos argumentos sobre o mesmo tema, ditados (mais ou menos) pelas mesmas pessoas. Já vi que a americanização chegou ao ponto de querermos ter um caso JFK à portuguesa.
E pronto, só contribuem para que a minha implicanciazinha vá crescendo…

3 Comments:

  • At 8/12/06 07:58, Blogger Pitucha said…

    Rotula-me lá! (Ou já rotulaste se, por acaso, leste o meu post). Mas acho que o país seria diferente se não tivesse acontecido o que aconteceu...mas enfim, isto é conversa de blogue porque não há como fugir aos factos!
    Beijos

     
  • At 11/12/06 18:44, Blogger Alberto Oliveira said…

    O país mudou muito desde a morte de Sá Carneiro. Imagine-se* que a radicalização de então deu hoje lugar ao diálogo político-partidário impensável na altura e que até uma certa direita olha com distanciamento para a "queda do avião", folhetim interminável e que revela também a "queda" da justiça portuguesa para "fazer render o peixe"... salvo seja.
    Mas do mal o menos (no caso vertente): estivemos demasiado tempo à espera do "encoberto" porque não havia notícias seguras sobre o seu passamento. No caso de Sá Carneiro não é assim...

     
  • At 11/12/06 18:45, Blogger Alberto Oliveira said…

    * Eu não imagino. Porque já era um homenzinho ao tempo...

     

Enviar um comentário

<< Home