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Teorias

A Maria Papoila é a típica portuguesa, que tal como todos os bons portugueses tem sempre uma teoria acerca de tudo e de todos e não vê mal algum em impingir as suas opiniões aos mais desprevenidos...

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Menino Jesus

Todos nos lembramos com saudade dos natais em que éramos crianças. Mesmo aqueles que não encontravam prenda no sapatinho se lembram dos natais da infância como algo mágico. Invariavelmente, ouço dizer que o Natal já não é o que era, que não tem o sabor de outros tempos. Interrogo-me se o Natal terá mesmo mudado ou se fomos nós que mudamos demasiado enquanto crescíamos.
Lembro-me do tempo em que acreditava que o Menino Jesus vinha durante a noite deixar os presentes no sapatinho junto à lareira. Logo aqui noto as diferenças: era o Menino Jesus, aquele que fazia anos no dia 25 de Dezembro, e não o Pai Natal, quem trazia os presentes e era na manhã de dia 25 que se abriam os presentes. Agora, em quase todos os lares, no dia 24, faz-se um compasso de espera entre o bacalhau e a meia-noite para descobrir o que está dentro dos embrulhos verdes e vermelhos.

(- Vê se te serve.
- Gostas?
- Não era preciso teres comprado uma coisa tão cara.
- Não sabia o que te havia de dar, tens tudo!)

Enfada-me cada vez mais a troca de presentes.

Começo a convencer-me de que foi mesmo a magia que mudou.
O Natal é estar com a família, em volta da lareira a conversar até tarde. O Natal é comer doce de chila com canela a uma qualquer hora disparatada e sentir o cheiro dos fritos com canela e açúcar na cozinha. É ficar aninhado no sofá e ver pela milésima vez o “Música no Coração” e cantar as canções de cor. Pronto, eu sei que o Shrek tem o condão de fazer soltar umas gargalhadas, o que também é bom, desde que seja visto em família.
Infelizmente, mais de um mês antes do Natal, começamos a pensar nos presentes que temos de comprar, a tentar descortinar qual será o melhor dia para ir às compras e fugir ao trânsito e à confusão, a pensar no orçamento que temos e como geri-lo.
As ruas estão enfeitadas e quase ninguém aproveita para parar e apenas apreciar as estrelas em néon e as renas luminosas, mas quase todos têm o cuidado de pendurar à janela, um Pai Natal desgraçado e comprado nos chineses. Aposto que quase ninguém compra presépios.
Quanto mais escrevo, mais me certifico de que foi o Natal a mudar, porque nós permitimos que mudasse. Ás vezes o progresso é mesmo poderoso.
Raios partam o consumismo, quero o Meu Natal de volta!

1 Comments:

  • At 5/12/06 07:35, Blogger Pitucha said…

    Algumas coisas mudaram, noutros casos fomos nós que mudamos, mas em tua casa é o teu Natal! E na minha, aqui em Bruxelas, só há um presépio!
    Beijos e, bom Natal.

     

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