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Teorias

A Maria Papoila é a típica portuguesa, que tal como todos os bons portugueses tem sempre uma teoria acerca de tudo e de todos e não vê mal algum em impingir as suas opiniões aos mais desprevenidos...

domingo, janeiro 14, 2007

Sabedoria?

Aquele homem nunca falhou uma missa de Domingo até ao dia em que o Padre, amigo de longa data, lhe disse que os doentes estavam dispensados de participar no culto.
A partir daí, o senhor só vai à missa quando a saúde lhe permite fazê-lo sem sacrifício.
Aquele homem, apesar de só ter a quarta classe, trabalhou durante vários anos num hospital, chegando a estar presente na sala de cirurgia. Eram tempos diferentes e muito distantes. O homem que aqui descrevo tem 76 anos.
Este homem, tem 4 filhos e 4 netos. Nunca levantou a mão para dar um açoite em nenhum. Na rua, se vê uma mãe bater num filho, ainda hoje se abeira e lhe passa um verdadeiro sermão sobre como se deve amar e tratar uma criança. Ao longo da vida, foi granjeando amizades entre as crianças e actualmente mima o neto mais novo ao ponto de “o estragar”.
Há cerca de um mês, após ter assistido a uma missa de Domingo, chegou a casa indignado. Como podia o Padre apelar tão apaixonadamente ao “NÃO” no referendo sobre a despenalização do aborto?
Se o Padre tivesse visto, como ele viu, mulheres à beira da morte por causa de um desmancho mal feito! Se tivesse visto mães de 7 filhos a apertarem as pernas no momento do parto e crianças a nascerem roxas e sem vida! Se tivesse visto crianças abandonadas algumas horas depois de chegarem a este mundo! Se tivesse visto mães solteiras e sem o apoio de ninguém, assustadas e infelizes após o parto…
Porque hão-de morrer estas mulheres?
Porque hão-de as mulheres ir parar sozinhas à cadeia, se para se fazer um filho são precisos dois seres humanos?
Este homem, que levou uma vida moral quase irrepreensível, quer ir votar SIM, no referendo sobre o aborto.
Este homem é o meu avô, e mais uma vez, entre tantas outras, ganhou a minha admiração. Não se preocupe “Vôzinho”, no dia do referendo eu levo-o à mesa de voto.