Eutanásia
“Se a saúde de um corpo já não assegura o bem-estar da vida que nele vive, outros direitos deverão ser considerados, sob pena de o direito à vida se transformar em dever de sofrimento, em sadismo.”
Quero falar aqui de uma amiga. Essa amiga chama-se Lídia e já a conheço há alguns anos. Apesar de não ter tido uma vida fácil e de já ter ultrapassado a barreira dos 60 tinha sempre energia para tudo: para conduzir para todo o lado, para idealizar e montar negócios, para receber em sua casa, para redecorar a casa, para viver!
A minha amiga teve há alguns meses um derrame cerebral que a deixou presa a uma cama, sem falar, sem se mexer, sem sequer abrir os olhos. Ela, que foi toda a vida independente, depende agora de estranhos, num lar, para comer (através de sondas), para tomar banho, para tudo!
Fui vê-la e pareceu-me que sofria. Depois de saber que ainda por cima sofre de cancro na tiróide em fase terminal, tive a certeza de que sofre.
Naquela cama eu já não vi a minha amiga: o cabelo branco, outrora sempre arranjado e loiro, a falta de maquilhagem que estava sempre presente e um rosto sem expressão.
Se alguém achar que sou demasiado crua no que digo, peço desculpa, mas não descrevo nada para além da realidade, e a realidade é que esta situação pode acontecer a qualquer um de nós.
Vi na TV que um português deixa em testamento que se algum dia se encontrar numa situação destas quer optar pela eutanásia. Pergunto eu: sendo a eutanásia proibida em Portugal, quem é que vai arriscar ir parar à prisão para satisfazer o último desejo deste português que planeia morrer com dignidade?
A eutanásia é permitida por lei em alguns dos países mais evoluídos do planeta e acho que a médio prazo esta situação deve ser discutida em Portugal (apesar de contarmos já com a oposição/lobbie da igreja).
Se um dia eu estiver numa situação destas, também quero recorrer à eutanásia, mas como?
Quanto à minha amiga, desejo que o melhor aconteça depressa. Eu vou sempre pensar numa Lídia cheia de vida.
Já agora, vejam:
http://www.diaulas.com.br/artigos/eutanasia.asp
Quero falar aqui de uma amiga. Essa amiga chama-se Lídia e já a conheço há alguns anos. Apesar de não ter tido uma vida fácil e de já ter ultrapassado a barreira dos 60 tinha sempre energia para tudo: para conduzir para todo o lado, para idealizar e montar negócios, para receber em sua casa, para redecorar a casa, para viver!
A minha amiga teve há alguns meses um derrame cerebral que a deixou presa a uma cama, sem falar, sem se mexer, sem sequer abrir os olhos. Ela, que foi toda a vida independente, depende agora de estranhos, num lar, para comer (através de sondas), para tomar banho, para tudo!
Fui vê-la e pareceu-me que sofria. Depois de saber que ainda por cima sofre de cancro na tiróide em fase terminal, tive a certeza de que sofre.
Naquela cama eu já não vi a minha amiga: o cabelo branco, outrora sempre arranjado e loiro, a falta de maquilhagem que estava sempre presente e um rosto sem expressão.
Se alguém achar que sou demasiado crua no que digo, peço desculpa, mas não descrevo nada para além da realidade, e a realidade é que esta situação pode acontecer a qualquer um de nós.
Vi na TV que um português deixa em testamento que se algum dia se encontrar numa situação destas quer optar pela eutanásia. Pergunto eu: sendo a eutanásia proibida em Portugal, quem é que vai arriscar ir parar à prisão para satisfazer o último desejo deste português que planeia morrer com dignidade?
A eutanásia é permitida por lei em alguns dos países mais evoluídos do planeta e acho que a médio prazo esta situação deve ser discutida em Portugal (apesar de contarmos já com a oposição/lobbie da igreja).
Se um dia eu estiver numa situação destas, também quero recorrer à eutanásia, mas como?
Quanto à minha amiga, desejo que o melhor aconteça depressa. Eu vou sempre pensar numa Lídia cheia de vida.
Já agora, vejam:
http://www.diaulas.com.br/artigos/eutanasia.asp
7 Comments:
At 18/7/05 17:31, Hugo Pereira said…
Concordo plenamente com a ideia.
A maior parte das vezes, são os familiares desses doentes em fase terminal que se agarram à esperança de uma recuperação, por mais leve que seja. Esquecem o sofrimento que a pessoa pode estar a passar, em prol da sua própria sanidade mental ou da tristeza de ver partir alguém muito querido.
Agora, não é verdade que se possa manter (a favor da lei) um doente em contínuo sofrimento, somente porque não se pode aplicar a eutanásia. Há sempre a possibilidade de lhe prestar apenas os cuidados essenciais (Cuidados Paliativos), aliviar-lhe a dor e deixá-lo ir morrendo.
"A insistência, contra o desejo do paciente, em adiar a morte com todos os meios disponíveis seria contrária à lei e não é prática corrente nos hospitais." in http://eutanasia.no.sapo.pt
At 19/7/05 12:36, Hugo Pereira said…
O problema é generalizar. Um caso é um caso e daí não pode advir uma regra, que noutros casos seria perigoso.
Temos de separar os vários casos de eutanásia que existem. Uma pessoa não pode dizer que é a favor ou contra a eutanásia, mas sim, se é a favor de uma eutanásia passiva ou activa, voluntária ou involuntária.
Ao concordar com a ideia do post, estou a defender a ideia da eutanásia passiva ou activa, mas voluntária!! Na medida em que a pessoa em causa pode decidir (em consciência e na posse de todas as suas faculdades) pela morte numa situação hipotética de sofrimento.
Agora, o que é completamente diferente é a eutanásia activa involuntária. Uma pessoa que não comunica com o exterior e que não pode dizer se pretende ou não morrer. Mas por pensarmos que sim, ou para aliviar o fardo da vida dos seus familiares, decide-se injectar-lhe uma substância letal...
Quando muito, a eutanásia passiva faria sentido se, tal como eu já tinha referido, forem apenas prestados os cuidados essenciais, até o paciente morrer... mas não induzir-lhe a morte!!!
É preciso pensar bem em todas as situações possíveis, antes de formar uma opinião geral sobre este assunto.
At 20/7/05 10:20, Maria Papoila said…
Eu não defendo a eutanásia para a minha amiga, até porque ela como católica praticante, seria provavelmente contra.
Defendo o direito de cada um de nós deixar estipulado em que tipo de situação quererá recorrer à eutanásia e que ao exteriorizar esse desejo, saiba que ele será cumprido conforme as suas indicações.
O Direito, a Medicina e claro, a Igreja, têm defendido o direito à vida de uma forma tão cega, que o direito à vida se transforma muitas vezes em dever.
At 20/7/05 10:25, Maria Papoila said…
Condessa às avessas, obrigada pelas visitas. Gostava de conhecer o seu blog(se o tiver). Um abraço
At 20/7/05 11:34, Anónimo said…
Blog da Condessa às Avessas
At 28/7/05 20:07, Rita de Cássia said…
Mais uma vez, estou contigo!
Recentemente assisti "Mar Adentro", não deixe de assistir. O filme é belíssimo e trata exatamente da questão que colocou. É um assunto polêmico, mas que precisa ser repensado, afinal de contas, não temos o livre-arbítrio?!
Um beijo da Rita de Cássia
At 29/7/05 01:00, Maria Papoila said…
Rita:
a propósito do mesmo tema veja "Million Dollar Baby" de Clint Eastwood.
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