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Teorias

A Maria Papoila é a típica portuguesa, que tal como todos os bons portugueses tem sempre uma teoria acerca de tudo e de todos e não vê mal algum em impingir as suas opiniões aos mais desprevenidos...

quarta-feira, março 04, 2009

Uma perninha

Depois de mais de um ano sem escrever no blog, a Papoila é surpreendida, na mesma semana, com dois comentários a posts escritos no mês de Fevereiro do longínquo ano de 2006.

Parece que aqueles dois textos (republicados já aí abaixo), continuam actuais.
O do sobreendividamento foi inclusivamente publicado no blog do novo partido político MMS.

Diga-se que a opinião da Papoila não mudou nestes três anos que distam entre a primeira publicação dos textos e o dia de hoje.
Deixem-me no entanto fazer uma ressalva: apesar de se tratarem de assuntos actuais, o casamento homossexual é uma questão secundária, neste momento em que a crise económica parece cada vez mais grave e longe do fim.

Assim, centremo-nos no sobreendividamento.
É certo que as sociedades financeiras e os bancos não obrigaram nenhum cidadão a subscrever créditos sucessivos, mas também é certo que facilitaram demasiado o acesso ao crédito, criando uma sensação de falsas capacidades financeiras e de falso conforto.
Agora, bancos e financeiras "deitam as mãos à cabeça" e dificultam o acesso ao crédito, mesmo a quem eventualmente teria capacidade para contrair empréstimos. Curiosa esta diferença de atitudes no curto prazo de 3/4 anos.
Por outro lado, estas instituições de crédito deixaram de perdoar a mínima falha, avançando com processos executivos logo que se verifique a falta de uma mensalidade.
E é então que o cliente a quem outrora impingiram cartões de crédito e períodos de carência, passa a inimigo nº 1 da entidade que lhe concedeu os créditos.
Imediatamente devassa-se a vida do precioso cliente/inimigo, obtendo despacho de levantamento de sigilo fiscal e bancário. Penhoram-se casas, garagens,terrenos, móveis, rendas, reembolso de IRS ou de IVA, vencimento, direitos a heranças, contas bancárias, PPR´s, carros, motas, barcos, créditos, etc, etc...
E se o devedor for suficientemente esperto para não possuir nada passível de penhora? Parece que depois de uma perseguição desenfreada e uma vez comprovado que oficialmente aquela pessoa não tem nada, termina o processo, sem recuperação da dívida. Ou seja... se o devedor tiver dinheiro para arranjar um advogado jeitoso, safa-se à grande. Se o devedor for um desgraçado que até nem sabia, nem sabe, que os juros do empréstimo atingem mais de 20% e que mal saiba escrever, esse, ah, esse vai pagar tudinho, nem que para isso se lhe venda o sofá com 20 anos e a TV a preto e branco.
E porque o texto já vai longo, deixem a Papoila desabafar, um desabafo de quem, por ora, não tem créditos a pagar:
Se as instituições financeiras não recuperarem as quantias das pequenas dívidas (que os empréstimos de mais de 500 mil euros ninguém os mandou conceder às cegas) é muito bem feito.
Ora toma! (Com direito a manguito e tudo).
Casamento e adopção
O assunto está na ordem do dia e a Papoila já há muito tempo tem uma opinião formada sobre a questão
É uma opinião que choca muita gente, incluindo pessoas da minha idade e criadas em países supostamente mais avançados do que o nosso a nível das mentalidades, mas cá vai.
A homossexualidade não é uma doença, é uma opção e uma forma “diferente” de amar.
É claro que no mundo homossexual há muita perversão, mas também é verdade que no mundo heterossexual a perversão é por vezes ainda pior. Por mim, cada um pode ser pervertido quanto quiser, desde que não afectem os direitos dos outros.
Quanto ao casamento entre homossexuais, tenho de dizer que sou a favor do casamento civil, não na igreja, já que isso implicaria mexer com as crenças e a fé das pessoas.
O casamento civil não passa de um contrato de Direito Civil, e se vivemos num estado laico, porque raio há-de o Direito(supostamente independente da Igreja) proibir o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, se o artigo 13º, n.º2 da Constituição da República Portuguesa proíbe a discriminação com base no sexo e na orientação sexual?
A Constituição é a lei suprema do Estado, mas há quem consiga dar a volta e interpretar as coisas de modo a que um artigo do Código Civil( que refere o casamento entre duas pessoas de sexo diferente) se sobreponha à Lei Fundamental da Nação.
Leis à parte, parece-me que o Estado tenta “tapar o sol com a peneira”, ou seja, se o casamento homossexual for proibido, pode ser que “essa gente esquisita” deixe de se amar , de morar junta, de namorar, de viver!
A Homossexualidade sempre existiu e não é uma opção fácil, já que os homossexuais enfrentam a discriminação a muitos níveis. É preciso ter coragem para admitir que se é homossexual! Eu não teria essa coragem.
O amor entre duas pessoas do mesmo sexo não é um escândalo, é um facto da vida e da natureza, já que existem vários exemplos de comportamentos homossexuais no reino animal. Para quem não sabe, o Homem é um animal.
Quanto à adopção, todos sabemos que há bebés que são filhos biológicos de homossexuais e que são criados com duas mães ou dois pais sem que isso tenha influência nas suas futuras opções sexuais. Como qualquer pessoa informada sabe, ser homossexual é diferente de ser pedófilo. Grande parte dos homossexuais envolvidos em relações estáveis têm uma boa situação económica e muito amor para dar a crianças órfãs e desprotegidas. Para mim, a desculpa do trauma da criança que é “gozada” pelos colegas por ter dois pais, não pega. Deve ser pior o trauma da criança que não tem pais e que é ostracizada porque é o desgraçadinho que vive no refúgio porque ninguém a quis.
Podia continuar a enumerar as razões do meu voto favorável ao casamento e à adopção por parte dos casais homossexuais, mas julgo que já deu para expor o meu ponto de vista. Sei que a minha opinião pode ferir susceptibilidades, mas também sei que há coisas muito mais graves com que nos preocuparmos, para além das opções sexuais deste ou daquele.
Que cada um de nós saiba viver a sua vida sem falsos moralismos. Isto é a vida como ela é.
Sobreendividamento
A DECO já alertou há muito tempo para o problema grave de sobreendividamento dos portugueses. Infelizmente, a Papoila conhece alguns casos e em nenhum deles existe o problema do desemprego.
Como “nasce” um sobreendividado? - Esqueçamos por agora, os desempregados.

Na maioria das vezes, tudo começa com a compra de casa a crédito: o ordenado não é muito, mas se pagamos uma renda, porque não pagar o empréstimo ao banco de uma coisa que pode vir a ser nossa? Pelo caminho, talvez seja boa ideia pedir um empréstimo um pouco acima do custo da casa e sempre podemos comprar um carrito novo.
Depois de feitas as contas o ordenado é suficiente para pagar o empréstimo e chegar ao fim do mês sem passar fome...
Comprada a casa, são precisos uns móveis, por isso vamos à Moviflor, que aquilo anuncia ser barato e vende a crédito por 10 meses sem juros.
É claro que não podemos esquecer de pagar o condomínio e o seguro do carro, o selo de circulação do dito, os pneus, a gasolina, as contas da água, do gás, da Tvcabo, da Net e da EDP.

“É preciso encher a despensa.”

Vamos ao Jumbo, onde nos propõem a assinatura do cartão Jumbo, o que facilita as coisas, já que este mês gastámos tanto, podemos pagar a mercearia no mês que vem e talvez até comprar aquele scanner, que está barato!
Agora estamos a chegar à Primavera e é preciso pensar no vestuário. Algumas pessoas só precisam de um par de sapatos e de umas calças, nada demais. Outras habituaram-se a “vestir bem” (porque é claro que não vão fazer má figura lá no escritório), então lá vamos nós a uns armazéns que têm de tudo e de todas as marcas. Por acaso até disponibilizam cartão de cliente, a que podemos facilmente aderir, e vamos pagando, em suaves prestações, os 3 pares de sapatos, os 2 pares de ténis, os jeans Cavalli, o blazer Channel, a mala Burberrys e os 4 cintos D&G.

“Espero que não haja nenhum imprevisto.”

Se por acaso, ao longo do mês precisarmos de mais alguma coisa, ou tivermos algum imprevisto, sempre podemos utilizar aquele cartão de crédito que tivemos de subscrever no banco, quando fomos fazer o empréstimo da casa.

“Ando a dormir mal, (não sei porquê) preciso de férias.”

E as férias? Que estupidez, não é preciso preocuparmo-nos! Todas as agências de viagens têm férias a crédito!

“Os juros vão subir...”

E se fossemos ao banco propor o aumento do crédito à habitação de 30 para 40 anos?

“Deus me conserve o emprego...”

-A tentação do crédito é perigosa, mas a tendência consumista que nos últimos anos atravessa Portugal é ainda mais nociva.
Cuidado, muito cuidado, não queiram fazer parte das estatísticas da DECO, nem da lista negra do Banco da Portugal!