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Teorias

A Maria Papoila é a típica portuguesa, que tal como todos os bons portugueses tem sempre uma teoria acerca de tudo e de todos e não vê mal algum em impingir as suas opiniões aos mais desprevenidos...

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Feliz Natal!

Conversa de fim-de-semana:
Adulto: “Então, o que é que pediste ao Pai natal?”
Miúdo: “ O Pai Natal não existe. Existiu um senhor italiano que distribuía prendas aos meninos e se chamava Nicolau. Mas existe o menino Jesus, que nos dá prendas todos os dias, por exemplo, a vida.”
O sorriso da Papoila iluminou-se! O menino dos meus olhos ouviu com atenção a catequista e todos os que desde o ano passado, preocupados pela desilusão da descoberta de que o Pai Natal não existe, lhe tentaram explicar a vida em cores garridas.
Neste Domingo, o Natal nasceu de novo.
Feliz Natal!!!

sábado, dezembro 09, 2006

Brinquedos

Lembro-me de alguns brinquedos que fui tendo ao longo da infância. Quase nunca sei dizer quais deles recebi pelo Natal. Lembro-me de uma bicicleta cor-de-rosa, que ainda está em casa da minha mãe, porque me foi oferecida no primeiro Natal em que soube que o Menino Jesus não ia às compras. De qualquer das formas, apareceu-me à porta de casa um postal pousado no cesto da bicicleta: “Feliz Natal!” assinado, “Menino Jesus”.
Lembro-me também de que na maioria das vezes, fosse no Natal ou no meu aniversário, pedia livros. Livros da “Anita”, da colecção “Uma Aventura” e outros.
Hoje, a Maria Papoila tem um primo com 9 anos que além de ser filho único e neto único (rapaz), faz diferença de mais de 18 anos de todas as primas. É claro que mal nasceu, foi o “ai Jesus” de toda a família. Resultado: para além dos mimos, foi desde cedo bombardeado com os melhores, mais recentes e maiores brinquedos do mercado.
Foi um robô telecomandado do tamanho dele, um jipe alimentado a bateria eléctrica onde se podia sentar e conduzir por todo o lado, gruas telecomandadas, carros de todos os tamanhos e feitios, telecomandados, não-telecomandados, computador, Playstation, colecções inteiras de livros infantis, etc, etc, etc…
O engraçado é que desde cedo, a brincadeira favorita do Vítor foi ir para o quintal, escavar buracos na terra, e brincar às guerras de trincheiras, ou aos oásis, quando a mãe lhe deixava encher os buracos de água. Se passava por uma “loja dos 300”, pedia soldados de plástico, que em nada tinham a ver com os muitos “action man” que frequentemente lhe eram oferecidos. Ou então pedia carrinhos tão pequenos que lhe cabiam na pequena mãozinha. O robô, o jipe e todos os brinquedos sofisticados estão quase novos, por falta de uso, mas em contrapartida, os soldados plásticos e os carros de combate da “loja dos 300” estão gastos pela brincadeira.
É então que dou por mim a pensar que as crianças não precisam de grandes coisas para inventar uma brincadeira. Penso também que de toda a família, fui a única que resistiu a comprar brinquedos sofisticados. Mal o Vítor começou a ler, já eu lhe tinha oferecido uma História de Portugal ilustrada. Os resultados estão à vista: este período, a professora primária começou a ensinar aos meninos um pouco da nossa história e ficou surpreendida quando o menino moreno e sossegado começou a discutir factos históricos como gente grande.
Toda esta história, só para dizer que me parece cada vez mais ridículo gastar fortunas em brinquedos que não tornam as nossas crianças mais felizes, nem mais inteligentes, quando aqui mesmo ao lado, há crianças que não têm o que comer nem o que vestir. Dá que pensar, não dá?

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Implicar

Tinha eu 2 anos, quando assassinaram (dizem) o Primeiro-Ministro do meu país.
Obviamente, não me lembro do episódio e muito menos do tal senhor, mas toda a vida ouvi falar dele. Parece que ia ser capaz de implantar grandes reformas e de levar a cabo grandes feitos, mas não pôde, porque morreu antes de ter tempo de cumprir as promessas feitas. Pelos relatos que fui ouvindo, aquele senhor era o único político sério e competente no meu país, porque desde a sua morte não apareceu mais nenhum que fosse capaz de fazer aquilo que o defunto tinha prometido. Houve outros que também acenaram com promessas de grandes feitos em tempo de eleições, mas uma vez eleitos e chegados ao fim dos mandatos, as promessas ficavam por cumprir.
Em diversas ocasiões quis saber como tinham as pessoas a certeza de que o Sr. Primeiro-Ministro falecido iria cumprir as promessas, mas nunca ninguém me respondeu concretamente. Ouço muito dizer que “com ele é que tínhamos sido um país bem governado”, mas a verdade é que como não conheci o senhor e como não participei na euforia da sua eleição, não creio que o político de que falo viesse a ser melhor do que aqueles que ficaram por cá mais uns anos.
Por outro lado, e analisando bem a minha opinião sobre o tal Primeiro-Ministro, talvez eu esteja a ser demasiado dura, talvez nutra uma implicanciazinha contra o falecido. Será porque me irrita ir a um velório e ouvir sempre falar bem do morto, mesmo que ele tenha sido um escroque? Na adolescência entretinha-me a detectar quem era de direita ou de esquerda conforme a opinião da pessoa sobre Sá Carneiro. Se era um santo, acendiam-se as luzes: direita de certeza. Se não tinha feito nada de extraordinário, porque não teve tempo, o interlocutor era de esquerda, mas não falava muito, não fosse o Diabo tecê-las e passar a suspeito.
Agora levanta-se outra vez a questão do atentado: assiste-se a novos debates sobre as mesmas questões na televisão, o advogado das vítimas vai levar o caso ao Tribunal Europeu, e por aí fora. Já estou farta de ouvir sempre os mesmos argumentos sobre o mesmo tema, ditados (mais ou menos) pelas mesmas pessoas. Já vi que a americanização chegou ao ponto de querermos ter um caso JFK à portuguesa.
E pronto, só contribuem para que a minha implicanciazinha vá crescendo…

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Menino Jesus

Todos nos lembramos com saudade dos natais em que éramos crianças. Mesmo aqueles que não encontravam prenda no sapatinho se lembram dos natais da infância como algo mágico. Invariavelmente, ouço dizer que o Natal já não é o que era, que não tem o sabor de outros tempos. Interrogo-me se o Natal terá mesmo mudado ou se fomos nós que mudamos demasiado enquanto crescíamos.
Lembro-me do tempo em que acreditava que o Menino Jesus vinha durante a noite deixar os presentes no sapatinho junto à lareira. Logo aqui noto as diferenças: era o Menino Jesus, aquele que fazia anos no dia 25 de Dezembro, e não o Pai Natal, quem trazia os presentes e era na manhã de dia 25 que se abriam os presentes. Agora, em quase todos os lares, no dia 24, faz-se um compasso de espera entre o bacalhau e a meia-noite para descobrir o que está dentro dos embrulhos verdes e vermelhos.

(- Vê se te serve.
- Gostas?
- Não era preciso teres comprado uma coisa tão cara.
- Não sabia o que te havia de dar, tens tudo!)

Enfada-me cada vez mais a troca de presentes.

Começo a convencer-me de que foi mesmo a magia que mudou.
O Natal é estar com a família, em volta da lareira a conversar até tarde. O Natal é comer doce de chila com canela a uma qualquer hora disparatada e sentir o cheiro dos fritos com canela e açúcar na cozinha. É ficar aninhado no sofá e ver pela milésima vez o “Música no Coração” e cantar as canções de cor. Pronto, eu sei que o Shrek tem o condão de fazer soltar umas gargalhadas, o que também é bom, desde que seja visto em família.
Infelizmente, mais de um mês antes do Natal, começamos a pensar nos presentes que temos de comprar, a tentar descortinar qual será o melhor dia para ir às compras e fugir ao trânsito e à confusão, a pensar no orçamento que temos e como geri-lo.
As ruas estão enfeitadas e quase ninguém aproveita para parar e apenas apreciar as estrelas em néon e as renas luminosas, mas quase todos têm o cuidado de pendurar à janela, um Pai Natal desgraçado e comprado nos chineses. Aposto que quase ninguém compra presépios.
Quanto mais escrevo, mais me certifico de que foi o Natal a mudar, porque nós permitimos que mudasse. Ás vezes o progresso é mesmo poderoso.
Raios partam o consumismo, quero o Meu Natal de volta!