A Foong Ming é uma rapariga nascida na Malásia e que actualmente está a fazer um doutoramento no Japão. No ano passado, veio visitar Portugal por altura das vindimas: cortou uvas, pisou-as, bebeu vinho da colheita anterior, comeu tripas e francesinhas e visitou vários recantos do nosso país. Acho que foi embora com um pouco de sangue português a correr-lhe nas veias...
No dia do jogo do mundial de futebol em que Portugal defrontou a frança, a Foong Ming pôs o despertador para as 4 horas da manhã e viu o jogo. Disse ela que ficou triste com o resultado, porque acreditava em Portugal. Pois, amiga, eu também fiquei triste.
A Papoila, ao contrário de milhares de portugueses, acredita sempre que é possível chegar mais longe e fazer mais e melhor. Seja na área científica, desportiva ou artística, a Papoila vibra, sempre que vê um compatriota destacar-se a nível mundial e também a nível nacional.
A Papoila gosta de ver que os portugueses começam a deixar de ter vergonha dos seus símbolos e de serem quem são.
Nesta altura em que o país se vestiu com as cores da bandeira surgiram os velhos-do-restelo-de-sempre a criticar o entusiasmo excessivo com um jogo de futebol. Será que se no dia em que Saramago ganhou o Prémio Nobel tivéssemos ido todos para a rua festejar, de bandeira em punho, nos tinha ficado mal? Não, pois não? E no dia em que Nuno Delgado ganhou uma medalha nos Olímpicos, porque raio não fomos para o meio do trânsito apitar e gastar combustível que nem uns loucos?
Foi preciso vir um seleccionador brasileiro para apelar ao nosso orgulho na pátria...
Deixo aqui um pedido, não só aos dirigentes do país, mas também aos “fazedores de opinião” e aos jornalistas: aproveitem esta vontade de ser português que o nosso povo tem, façam o favor de nos insuflar o ego, que bem estamos a precisar! Pelo caminho, aproveitem para instar cada um de nós a ir cada vez mais além e a fazer cada vez melhor todos os dias.
EU ACREDITO!
P.S.: Quanto aos velhos-do-restelo-de-sempre, gostava que me explicassem o porquê dessa resistência à euforia colectiva e ao orgulho nacional. É mania que os faz sentirem-se superiores intelectualmente, ou apenas porque gostam de ser do contra?