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Teorias

A Maria Papoila é a típica portuguesa, que tal como todos os bons portugueses tem sempre uma teoria acerca de tudo e de todos e não vê mal algum em impingir as suas opiniões aos mais desprevenidos...

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Sobreendividamento

A DECO já alertou há muito tempo para o problema grave de sobreendividamento dos portugueses. Infelizmente, a Papoila conhece alguns casos e em nenhum deles existe o problema do desemprego.
Como “nasce” um sobreendividado? - Esqueçamos por agora, os desempregados.

Na maioria das vezes, tudo começa com a compra de casa a crédito: o ordenado não é muito, mas se pagamos uma renda, porque não pagar o empréstimo ao banco de uma coisa que pode vir a ser nossa? Pelo caminho, talvez seja boa ideia pedir um empréstimo um pouco acima do custo da casa e sempre podemos comprar um carrito novo.
Depois de feitas as contas o ordenado é suficiente para pagar o empréstimo e chegar ao fim do mês sem passar fome...
Comprada a casa, são precisos uns móveis, por isso vamos à Moviflor, que aquilo anuncia ser barato e vende a crédito por 10 meses sem juros.
É claro que não podemos esquecer de pagar o condomínio e o seguro do carro, o selo de circulação do dito, os pneus, a gasolina, as contas da água, do gás, da Tvcabo, da Net e da EDP.

“É preciso encher a despensa.”

Vamos ao Jumbo, onde nos propõem a assinatura do cartão Jumbo, o que facilita as coisas, já que este mês gastámos tanto, podemos pagar a mercearia no mês que vem e talvez até comprar aquele scanner, que está barato!
Agora estamos a chegar à Primavera e é preciso pensar no vestuário. Algumas pessoas só precisam de um par de sapatos e de umas calças, nada demais. Outras habituaram-se a “vestir bem” (porque é claro que não vão fazer má figura lá no escritório), então lá vamos nós a uns armazéns que têm de tudo e de todas as marcas. Por acaso até disponibilizam cartão de cliente, a que podemos facilmente aderir, e vamos pagando, em suaves prestações, os 3 pares de sapatos, os 2 pares de ténis, os jeans Cavalli, o blazer Channel, a mala Burberrys e os 4 cintos D&G.

“Espero que não haja nenhum imprevisto.”

Se por acaso, ao longo do mês precisarmos de mais alguma coisa, ou tivermos algum imprevisto, sempre podemos utilizar aquele cartão de crédito que tivemos de subscrever no banco, quando fomos fazer o empréstimo da casa.

“Ando a dormir mal, (não sei porquê) preciso de férias.”

E as férias? Que estupidez, não é preciso preocuparmo-nos! Todas as agências de viagens têm férias a crédito!

“Os juros vão subir...”

E se fossemos ao banco propor o aumento do crédito à habitação de 30 para 40 anos?

“Deus me conserve o emprego...”

-A tentação do crédito é perigosa, mas a tendência consumista que nos últimos anos atravessa Portugal é ainda mais nociva.
Cuidado, muito cuidado, não queiram fazer parte das estatísticas da DECO, nem da lista negra do Banco da Portugal!

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Namorados

A Papoila acha que mesmo tendo sido um dia inventado por motivos comerciais, o dia dos namorados deve ser aproveitado para fugir à rotina e fazer algo de especial com a pessoa mais importante das nossas vidas.
Não quer dizer que aqueles que não têm um namoro no sentido tradicional da palavra não usem a desculpa da data para sair e demostrar que amam alguém, nem que seja o melhor amigo, o pai ou a mãe.
Aos quinze anos, a Papoila não tinha namorado no Dia de S. Valentim, mas todas as minhas amigas tinham... Foi nesse dia que o meu pai me ofereceu um frasco do meu perfume favorito.
De todas as minhas amigas fui a que recebeu o melhor presente. E o amor mais verdadeiro!
Hoje, a Papoila acordou com um ramo de flores. O dia ainda não acabou e conhecendo a minha cara metade, sei que vem aí surpresa!
Feliz Dia de S. Valentim!

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Invejas

A Papoila confessa que às vezes sente inveja.
Inveja de um cabelo bem arranjado ou de umas calças que nunca consigo encontrar, inveja das férias a Cuba que um amigo tenha feito, inveja de quem já viu o “Cats” ao vivo, enfim, inveja de coisas simples, mas uma inveja que considero inofensiva.
Passo a explicar: esta inveja que por vezes sinto é do género “que bonito, ou que bom para ti, eu também gostava, tens de me dizer como conseguiste, que inveja!”.
Será esta uma inveja do tipo mau? Haverá uma inveja má e outra boa? Acredito que sim.
Já todos assistimos a comentários maldosos, em que se suspeita da forma como aquela nossa amiga linda conseguiu o emprego ou se pergunta aonde foi aquele gajo arranjar dinheiro para comprar determinado “carrão”.
A Papoila não compreende o que poderá trazer de bom desejar aos que nos rodeiam que não consigam ser bem sucedidos, bonitos ou inteligentes.
Não deveríamos todos desejar que o nosso vizinho tenha uma vida boa, que seja feliz? Se quem está próximo estiver “em baixo” isso quer dizer que nos vamos sentir melhor com as nossas frustrações? Todos temos coisas menos boas nas nossas vidas, mas o facto de a vida correr mal aos outros não nos vai ajudar em nada.
A inveja faz mal. Calma, que não estou a falar do célebre “mau-olhado”! A inveja faz mal às suas vítimas porque cria boatos maldosos que podem realmente prejudicar a nível moral e material. A inveja faz mal aos próprios invejosos, que perdem tempo precioso a cultivar este sentimento, quando podiam utilizar esse mesmo tempo para prosperar nas suas próprias vidas.
Vi uma vez um azulejo azul à entrada de numa vivenda de aldeia: “Se lhe causo inveja, faça como eu, trabalhe!” Kitch, mas cheio de razão...
Vivemos num país onde a inveja é quase um desporto nacional. Podíamos, no mínimo, tentar jogar limpo.
Tenho inveja de quem arranja sempre tempo para escrever...como é que conseguem?

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Casamento e adopção

O assunto está na ordem do dia e a Papoila já há muito tempo tem uma opinião formada sobre a questão
É uma opinião que choca muita gente, incluindo pessoas da minha idade e criadas em países supostamente mais avançados do que o nosso a nível das mentalidades, mas cá vai.
A homossexualidade não é uma doença, é uma opção e uma forma “diferente” de amar.
É claro que no mundo homossexual há muita perversão, mas também é verdade que no mundo heterossexual a perversão é por vezes ainda pior. Por mim, cada um pode ser pervertido quanto quiser, desde que não afectem os direitos dos outros.
Quanto ao casamento entre homossexuais, tenho de dizer que sou a favor do casamento civil, não na igreja, já que isso implicaria mexer com as crenças e a fé das pessoas.
O casamento civil não passa de um contrato de Direito Civil, e se vivemos num estado laico, porque raio há-de o Direito(supostamente independente da Igreja) proibir o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, se o artigo 13º, n.º2 da Constituição da República Portuguesa proíbe a discriminação com base no sexo e na orientação sexual?
A Constituição é a lei suprema do Estado, mas há quem consiga dar a volta e interpretar as coisas de modo a que um artigo do Código Civil( que refere o casamento entre duas pessoas de sexo diferente) se sobreponha à Lei Fundamental da Nação.
Leis à parte, parece-me que o Estado tenta “tapar o sol com a peneira”, ou seja, se o casamento homossexual for proibido, pode ser que “essa gente esquisita” deixe de se amar , de morar junta, de namorar, de viver!
A Homossexualidade sempre existiu e não é uma opção fácil, já que os homossexuais enfrentam a discriminação a muitos níveis. É preciso ter coragem para admitir que se é homossexual! Eu não teria essa coragem.
O amor entre duas pessoas do mesmo sexo não é um escândalo, é um facto da vida e da natureza, já que existem vários exemplos de comportamentos homossexuais no reino animal. Para quem não sabe, o Homem é um animal.
Quanto à adopção, todos sabemos que há bebés que são filhos biológicos de homossexuais e que são criados com duas mães ou dois pais sem que isso tenha influência nas suas futuras opções sexuais. Como qualquer pessoa informada sabe, ser homossexual é diferente de ser pedófilo. Grande parte dos homossexuais envolvidos em relações estáveis têm uma boa situação económica e muito amor para dar a crianças órfãs e desprotegidas. Para mim, a desculpa do trauma da criança que é “gozada” pelos colegas por ter dois pais, não pega. Deve ser pior o trauma da criança que não tem pais e que é ostracizada porque é o desgraçadinho que vive no refúgio porque ninguém a quis.
Podia continuar a enumerar as razões do meu voto favorável ao casamento e à adopção por parte dos casais homossexuais, mas julgo que já deu para expor o meu ponto de vista. Sei que a minha opinião pode ferir susceptibilidades, mas também sei que há coisas muito mais graves com que nos preocuparmos, para além das opções sexuais deste ou daquele.
Que cada um de nós saiba viver a sua vida sem falsos moralismos. Isto é a vida como ela é.